quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

PLIMPLIM! COMERCIAL POPULIVROS...


Este livro é o terceiro de uma trilogia que vem sendo construída pelo autor desde 1995 com Memórias do Quintal (Paka-Tatu, 2ª edição, 2002), somando-se em 1999 a Contos do Amor em Flor (Paulinas 2ª edição, 2006), conjuntos de narrativas nas quais o autor mapeia com sensibilidade este mundo sem fim que é o das vivências de meninos & meninas, com seus medos e assombros, suas pequenas felicidades cotidianas, suas revelações e ocultamentos.
O autor dá continuidade a uma arqueologia sentimental que vai buscar no seu país mítico da infância a fonte de muitas histórias, autobiográficas ou não. Basta ler L’amour c’est comme un jour, Menino diante da morte, Alumbramento, Caro Primo e Quixote para constatar a beleza dos textos narrados por Alfredo Garcia-Bragança, escritor que o grande contista paraense Ildefonso Guimarães disse ser “capaz de gerar emoções estéticas só com a mágica tessitura das palavras”.


O LIVRO PODE SER ADQUIRIDO DIRETO COM O AUTOR POR R$ 15 PELO TELEFONE 3263-2342 E 8827-1993.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A MULHER MAIS LINDA DO MUNDO

Ela olhou, ele sorriu.
O ônibus rompeu o idílio momentâneo passando entre eles.
Era a mulher mais linda do mundo: dentes brancos e perfilados como em anúncio de pasta bucal, olhos azuis, nariz grego, cabelos anelados e ruivos, um corpo de deusa.

O resto da vida ele passou cultivando a lembrança daquela visão tão bela e efêmera.

POR TODA A SUA VIDA

Esperava o Grande Amor.
Por toda a sua vida se prepararia para tal espera.
Ele viria, ela conjeturava. Ia demorar, dizia, enquanto olhava a cidade preguiçosa no sábado, casarões esparramados pelas ruas pequenas que iam dar no rio.
Muito tempo se passou, o rio correndo célere, sem que o Grande Amor viesse. Casarões já haviam desabado, amigos e parentes morrido. Ela esperava.

Um dia, coração em descompasso, sentiu que era ele, o seu Grande Amor, que subia a rua, o toc-toc dos sapatos nos paralelepípedos. Mais que depressa se pôs à janela.
Por lá ficou, hirta, traída pelo coração, frágil bibelô, que não suportara espera tão demasiada.

O EMPINADOR


Nas tardes quentes de julho era visto com linhas, cerol, latas pequenas, arsenal que carregava com ele pelo bairro.
Ágil, cortava qualquer adversário. Era o Rei do Firmamento, majestade das pipas, rabiolas, cangulas, papagaios.
Certa feita notou que os seus dedos iam se arredondando como... carretéis e as mãos ficando ásperas, qualquer contato dele com a pele de outrem era corte certo.

Um dia saiu para empinar no descampado. Só se ouviu o grito da molecada depois:
- Lá vai ele!
Era o próprio empinador subindo numa espiral ascendente rumo ao céu. Ia ao encontro das nuvens.
Agora sim, podiam dizer que ele era o Rei do Azul.